Perdas gestacionais recorrentes: quando investigar e o papel da genética
- Guilherme Lugo
- 27 de mai.
- 2 min de leitura

A perda gestacional é um evento doloroso que afeta muitas famílias. Embora uma única perda possa ocorrer por fatores isolados e não necessariamente represente risco aumentado em futuras gestações, quando há duas ou mais perdas consecutivas, acende-se um sinal de alerta para investigar causas subjacentes — e a genética pode ter um papel importante nesse cenário.
O que são perdas gestacionais recorrentes?
De forma geral, considera-se perda gestacional recorrente a ocorrência de duas ou mais perdas espontâneas, consecutivas ou não, antes da 20ª semana de gestação. Essas perdas podem acontecer por diversas causas, como:
Alterações anatômicas do útero
Problemas hormonais e metabólicos (como diabetes ou disfunção da tireoide)
Trombofilias e doenças autoimunes
Fatores infecciosos
E, frequentemente subestimado: fatores genéticos
Como a genética pode estar envolvida?
Estima-se que até 60% das perdas gestacionais no primeiro trimestre estejam relacionadas a alterações cromossômicas do embrião. Algumas dessas alterações são esporádicas, mas outras decorrem de alterações genéticas dos próprios pais.
As causas genéticas mais frequentes incluem:
Translocações balanceadas (quando o material genético é rearranjado de forma equilibrada em um dos pais, mas pode gerar embriões desequilibrados)
Mosaicismos germinativos
Mutação em genes associados à implantação embrionária ou à manutenção da gestação
Alterações mitocondriais ou desordens monogênicas raras
Alterações no cariótipo dos pais
Além disso, a avaliação genética também pode ser útil quando há falhas recorrentes de implantação embrionária em processos de fertilização in vitro (FIV).
Quando procurar um médico geneticista?
O aconselhamento genético é indicado nos seguintes casos:
Duas ou mais perdas gestacionais consecutivas
História familiar de perdas gestacionais ou infertilidade
Antecedentes de filhos com malformações ou doenças genéticas
Casais em processo de reprodução assistida com repetidas falhas
Idade materna avançada associada a perdas frequentes
Resultados de exames com alterações cromossômicas em produtos de aborto
O que é feito na consulta genética?
Avaliação clínica e história familiar detalhada
Revisão dos exames já realizados
Indicação de testes genéticos específicos (cariótipo, microarray, estudo de translocações, testes de portadores, entre outros)
Orientação sobre as causas identificadas e seus impactos na fertilidade
Discussão sobre alternativas reprodutivas e estratégias para reduzir riscos
Apoio emocional e orientação personalizada
Por que essa avaliação é importante?
Investigar as causas genéticas das perdas gestacionais permite:
Reduzir o risco de novas perdas com estratégias direcionadas
Avaliar com maior precisão o prognóstico reprodutivo
Indicar procedimentos como o diagnóstico genético pré-implantacional (PGT) em ciclos de FIV
Orientar o casal sobre chances de sucesso em futuras gestações
Trazer clareza em um momento tão delicado, acolhendo e direcionando com responsabilidade
As perdas gestacionais recorrentes impactam física e emocionalmente os casais. Buscar respostas é parte fundamental do processo de cuidado. A genética médica é uma ferramenta valiosa para investigar causas, orientar tratamentos e contribuir para o sonho de formar uma família com segurança e planejamento.
Se você enfrenta essa situação, procure um médico geneticista. Estamos aqui para ouvir, acolher e ajudar com base na ciência e na empatia.
Dr. Guilherme Lugo
Médico Geneticista
CRM 256188 | RQE 125553
Contato: (21) 98442-0634
Local: SP / MS / Telemedicina
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