Câncer Hereditário: Quando a genética importa na prevenção e no cuidado contra o câncer
- Guilherme Lugo
- 25 de mai.
- 2 min de leitura

Você sabia que até 10% dos casos de câncer têm origem hereditária? Isso significa que, em uma parte significativa dos diagnósticos, o fator de risco mais importante não está no ambiente — mas sim no DNA.
O câncer hereditário ocorre quando uma pessoa herda mutações genéticas que aumentam consideravelmente o risco de desenvolver determinados tipos de câncer ao longo da vida. Essas mutações estão presentes desde o nascimento e afetam todas as células do corpo.
Câncer hereditário X câncer esporádico
É comum associar o câncer a fatores ambientais como tabagismo, dieta ou exposição a substâncias tóxicas. Esses casos, chamados de câncer esporádico, resultam de alterações adquiridas ao longo da vida.
Já no câncer hereditário, as alterações genéticas estão presentes desde o nascimento e são herdadas de um dos pais. Isso ocorre por meio de mutações nas células germinativas, que podem ser transmitidas para os filhos com 50% de chance, em padrões autossômicos dominantes, no entanto há casos com herança autossômico recessiva.
Exemplos de síndromes de predisposição genética ao câncer
Alguns dos principais genes e síndromes hereditárias incluem:
BRCA1 e BRCA2: aumentam o risco de câncer de mama, ovário, próstata e pâncreas
Síndrome de Lynch: associada a câncer colorretal, endométrio, estômago e outros
Síndrome de Li-Fraumeni: aumenta o risco de diversos tipos de câncer que podem surgir ao longo da vida, desde a infância e juventude até idades mais avançadas.
APC (Polipose Adenomatosa Familiar): relacionada a centenas de pólipos intestinais e alto risco de câncer de cólon
O papel da oncogenética
A oncogenética é a área da medicina que estuda a predisposição genética ao câncer. O acompanhamento com um médico geneticista permite:
Avaliar o risco familiar e individual
Solicitar testes genéticos apropriados
Interpretar os resultados com precisão
Indicar medidas de prevenção, rastreamento e, se necessário, cirurgias redutoras de risco
Angelina Jolie e a cirurgia profilática
A atriz Angelina Jolie tornou público seu caso após descobrir uma mutação no gene BRCA1. Ela optou por uma mastectomia preventiva bilateral, reduzindo drasticamente seu risco de câncer de mama. Essa decisão, embora extrema, é uma das opções discutidas em aconselhamento genético.
Prevenção vai além da genética
Mesmo quem tem predisposição genética pode reduzir seus riscos com hábitos saudáveis:
Alimentação equilibrada
Atividade física regular
Evitar tabaco e álcool
Realizar exames periódicos
Seguir o plano de vigilância com equipe especializada
Quando procurar um geneticista?
Considere avaliação genética se houver:
Câncer em pessoas jovens (<50 anos)
Múltiplos casos do mesmo tipo de câncer na família
Mais de um tipo de câncer na mesma pessoa
História familiar de síndromes genéticas conhecidas
Parentes com mutações patogênicas identificadas
O diagnóstico genético de uma síndrome de predisposição ao câncer permite planejar o cuidado de forma mais eficaz e personalizada. E lembrar: ter uma mutação não é uma sentença, mas sim uma oportunidade de agir preventivamente.
Se você tem histórico familiar sugestivo ou deseja entender melhor seu risco, procure um médico geneticista e faça uma avaliação oncogenética. A informação certa pode salvar vidas.
Dr. Guilherme Lugo
Médico Geneticista
CRM 256188 | RQE 125553
Contato: (21) 98442-0634
Local: SP / MS / Telemedicina
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